Há muitos anos resolveu pegar a estrada e viver bem longe do que lhe era familiar. Levava numa bolsa, vozes, encontros, toques, sorrisos e a música da sua terra.
A dura labuta em terras longínquas lhe auferia provento ao mesmo tempo que moía seus sonhos. Neste caminho, a nesga de luz que insistia em entrar pela fresta de sua vida era apagada por pessoas que não gostavam do seu brilho.
Aos poucos ele foi perdendo o sorriso que era a sua força, e o que levava na bolsa começou a dissolver. O que era real e palpável passou a ser idealizado, e ele começou a se tornar pó.
Foi então que um anjo que passava lhe gritou: Poeta!
A palavra dita pelo anjo transformou o pó que a estrada quase o havia reduzido em palavras que ele agora cavalga com o rosto banhado em luz, agarrado à sua velha bolsa.
Para o amigo Ligório Nery, no dia do seu aniversário.
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