sábado, 4 de agosto de 2018

O caminho

Foi no caminho de volta que encontrou palavras soltas na estrada. Sem saber o que fazer com elas, colocou-as na sua mochila e seguiu.
Quando descansou, sentou-se em baixo de uma árvore, tirou as palavras da mochila e com elas formou frases que compreendia literalmente.
Quando chegou no seu destino, tirou novamente as palavras da mochila e mais uma vez formou frases. Mesmo as organizando dentro das regras que tinha aprendido, sentiu que estas não faziam sentido, e resolveu devolvê-las onde as havia encontrado.
Voltou, pôs as palavras no mesmo lugar no chão da estrada e, mesmo soltas e não organizadas, começaram a fazer sentido.
Com os pés descalços, respirando a brisa perfumada que passava, entendeu que tais palavras, mesmo não compreendidas literalmente, fizeram com que voltasse ao lugar de onde nunca deveria ter saído, e foi desta forma que retomou seu caminho.
E seguiu em frente, sem olhar pra trás e abraçada ao sol que brilhava, levando as tais palavras que um dia encontrou soltas na estrada, agora não mais na mochila, mas antes no coração.

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Glauco Viana