sábado, 4 de agosto de 2018

Mariola Landowska

Década de 90 em Portugal. Os acordos que Portugal acabara de firmar com a União Europeia (UE) que garantiam, dentre outras coisas, transferências diárias de milhares de Euros (Na época era o “Escudo”) definiram certa “vocação” Europeia da política nacional, o que na prática se traduzia na proteção de cidadãos e da cidadania Europeia em detrimento de outras comunidades de imigrantes. O Brasil vivia uma espécie de Diáspora com a 1ª leva para Europa de imigrantes que fugiam da “Era Collor”. Eram momentos muito difíceis… Portugal de então, tradicional país de emigrantes havia se tornando um país de imigrantes com todos os problemas inerentes a esta realidade.
Do outro lado, a Casa do Brasil, com Alípio de Freitas, lutava pelo cumprimento e manutenção de acordos firmados entre Portugal e Brasil antes da UE e pela dignidade e direitos dos imigrantes que chegavam a Portugal. Várias ONGs lutavam pelo mesmo, por outras comunidades de imigrantes.
Foi neste contexto que fui convidado para representar o Brasil numa conferência patrocinada pela Fundação OIKOS, e que contava com representantes de Portugal, Macau, Gôa e de Países da CPLP (Comunidades de Países de Língua Portuguesa). Foi para mim uma honra e uma grande responsabilidade. Na plateia, cidadãos de todos os continentes que viviam e compartilhavam a mesma história. Foi neste evento que conheci uma artista plástica Polaca (Polonesa, no Brasil): Mariola Landowska.
Mariola Landowska, tal como eu, havia decidido viver em Portugal, que segundo ela “lugar de ligação das culturas luso-brasileira e luso-árabe” que no momento era exatamente o que eu buscava com meus temas de inspiração Nordestina. A afinidade foi imediata e nos tornamos amigos para sempre.
Às vezes passava horas no seu atelier observando e compartilhando o processo de criação de suas obras, e contando e ouvindo histórias de vida. Me chamava atenção as cores de suas pinturas, que remetiam não só a sua vivência com índios das tribos Pi-Kiriri e Fulni-ôs no Brasil mas que ao mesmo tempo estavam presentes no folclore Polaco. Deste convívio, devo a Mariola Landowska o contato com a comunidade Polaca residente em Portugal, onde fiz muitas amizades sinceras ampliando o conhecimento de uma cultura que pouco conhecia.
Numa de nossas caminhadas pela vila de Paço D’Arcos, Mariola Landowska deparou com um espaço dentro de um complexo arquitetônico que foi construído nos finais do Século XV e que viria ser o seu atelier durante cerca de 3 anos. Foi lá o palco de encontros históricos de música, pintura e poesia onde não só a arte era festejada e celebrada, mas antes de tudo a amizade. Tenho a honra de ter várias obras de Mariola Landowska expostas na sala da minha casa, que para mim tem um valor afetivo inimaginável.
Podia dizer muito mais sobre a grandeza da Mariola Landowska, que para mim, antes de tudo, será sempre a minha “Polaquinha preferida”.
(Esta singela homenagem surge num momento de fechamento de ciclo, em que o seu atelier em Paço D’Arcos será encerrado. Conheça o trabalho de Mariola Landowska no site: http://www.mariolalandowska-art.com/mariolalandowska-art/Home.html)

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Glauco Viana