sábado, 4 de agosto de 2018

Eu

Só falava dele. Da vida dele. Dos projetos dele. Quando estava num grupo de pessoas, Só falava dele, da vida dele, dos projetos dele. Abordava os assuntos sempre da sua perspectiva. Quando não aceitavam o seu “Eu”, ele o impunha. Com tanto “Eu”, sua vida começou a ficar sem espaço. Numa noite qualquer, acordou cercado de “Eu”. Procurou desesperadamente por uma mão, e só havia a dele. Agarrou nesta mão e acabou morrendo afogado de si mesmo.

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Glauco Viana